domingo, 5 de dezembro de 2010

A Educação na era Digital

por Jonatas Ramos

Nunca a mídia abordou tanto um assunto. Quando se pensava que os anos 90 eram a década da inexistência de novidades, a internet tomou um vulto internacional, popular e comercial. Dessa forma, mesmo não tendo computador, nem conhecendo exatamente o que é, nem como usar, a maioria das pessoas já ouviu falar em internet.


Um lugar onde a princípio não existe controle, nem hierarquia sobre usos, podendo as pessoas das mais diferentes classes sociais expressar as mais diferentes opiniões sem serem coibidos por isso.
Parte-se também da explícita transposição de limites geográficos e das possíveis implicações culturais que ainda estão por vir e se perceber. Graças à velocidade na circulação de informações e à facilidade do seu acesso, podemos começar a falar e a considerar sem maiores questionamentos à formação de uma cultura global, onde a troca de conhecimento a ser produzida será entre cidadãos a partir de seus interesses específicos.
Tudo isso sem falar na expansão e na inevitável circulação de informações e de pessoas que invariavelmente terão que passar pela Grande Rede. De origens comerciais, governamentais, organizacionais, educativas, científicas..., apontam para um futuro onde a internet se constituirá numa unanimidade para quem deseja trocar e divulgar conhecimentos e conclusões de pesquisas. Dessa forma, a internet assume um perfil totalitário, no sentido de não dar margem para o aparecimento e o desenvolvimento de outras opções de sociabilidade.
Com esse espírito, chegamos à internet e nos interligamos mundialmente, mas nossos corações e mentes continuam os mesmos, nossas ideologias também. Assim, podemos dizer que a inovação tecnológica com a massificação da internet não nos levou a uma mudança de paradigma, mas sim permitiu um novo suporte para que as mesmas pessoas pudessem continuar se relacionando.
Atualmente estamos partindo para uma fase em que o deslumbramento inicial com a Grande Rede já foi superado. Passamos para a busca de soluções visando a socialização de informações e do acesso, bem como o oferecimento de serviços e de informações a partir dos recursos já disponibilizados. Isso nos permite criar novas aplicações a partir das peculiaridades desse novo veículo.
Não é exatamente isso que podemos observar! Por sermos os mesmos, abalados com as novas possibilidades, mas nem por isso transformados estruturalmente, estamos vivendo uma segunda onda na internet, onde passamos a construir nossos espaços comuns dentro da Rede, acompanhados dos nossos valores mais conservadores, embora tenhamos um infinito de possibilidades a serem descobertas.
A internet se constrói como um espaço de sociabilidade através da educação, que parte principalmente da solidariedade dos seus integrantes. Recém-chegados são convidados a ler as famosas questões feitas com freqüência por pessoas iniciadas num determinado assunto, previamente respondidas por quem está mais envolvido no tema em questão. Além disso, qualquer dúvida adicional é geralmente respondida se colocada no espaço adequado.
Apresentam-se aí dois valores importantes que virão a ser valorizados dentro de pouco tempo e trazem mudanças importantes: a imediaticidade na troca de informações, onde pessoas que nunca se conheceram trocam e ampliam seus conhecimentos, contribuindo para aperfeiçoar o acesso aos recursos da Rede. Outro fator introduzido dentro desse modelo é que o sentido clássico do professor como proprietário do saber se torna desnecessário, mas extremamente útil na acepção da palavra, na medida em que se professa saber, socializando-o aos demais interessados.
Essa nova relação coloca em xeque a instituição escolar nos moldes em que ela se encontra agora, já que o universo de informações disponíveis na internet é muito maior do que as que se tem acesso a partir dos professores na sala de aula. Por outro lado, o uso da internet na educação não pode se restringir apenas a levar o modelo atual para dentro da rede, mas sim entender seu potencial a partir de seu sentido metafórico, implicando numa mudança de comportamento.


A educação através da internet terá que ser responsável por esta ruptura paradigmática a partir da mudança de tecnologia. A aposta da internet na educação foi de que a tecnologia introduz um paradigma e interfere na produção de conhecimento. O conservadorismo na educação ainda não permitiu isso! Uma prova disso é o crescente cuidado com o acesso às informações por parte das crianças, chegando até a criação de programas coibitivos ou mesmo a censura através de amparo legal.
Colocam-se desafios para a educação no futuro a respeito dos currículos e paradigmas que irão se construir a partir dessa nova realidade. Amplia-se radicalmente, através da internet, o conhecimento sobre os peixes, por exemplo, que passarão a ter os futuros alunos a partir da consulta às listas de discussão específicas, home-pages, etc. chegando à conclusão de um trabalho melhor e mais amplo.
A internet não pode ser apenas apresentada como uma grande fonte de dados sobre os mais diversos assuntos, sem que se perceba que se transformou também o modo de produzir conhecimento. É a partir desta clareza que se devem estabelecer os paradigmas e conteúdos da educação do futuro.
Enquanto não se parte para descobrir os verdadeiros potenciais da Grande Rede e que benefícios podem trazer para a educação, poderemos ser condenados a transpor toda uma pedagogia retrógrada para a internet. Não devemos ter medo da perda da autoridade do professor como porta-voz do saber, pois outra será sua importância e sua legitimidade se dará a partir daí.

A capacidade de aprendizado e de assimilação poderá ser bastante elevada e estimulada, a partir de exemplos concretos, mas virtuais; a internet será o palco de intercâmbio entre escolas (alunos e professores) de todo o mundo.

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